sexta-feira, 4 de julho de 2008

Amanhã II

“A carga pronta metida nos contentores, adeus aos meus amores que me vou p’ra outro mundo”.

— Quem me dera ir!

Mudar de estação de rádio. Notícias repetitivas, anúncios irritantes, músicas demasiado melosas. Pensamentos negativos, atitude ora passiva e apática, arrastada, ora irritável e amarga. Mas a culpa nem sempre é do sistema

— É.

e o mundo não tem que estar sempre extraviado.

— Mas está.

A isto chama-se STIV: Síndrome Terrível e Irremediável de Vitimização. Nome pomposo, ah?

Desespera com um cão que atravessa a estrada fora da passadeira, insulta mentalmente um condutor menos destro e expira longamente demasiadas vezes por minuto. O lado positivo da questão? Não rói as unhas, não fuma nervosamente nem bebe para esquecer. Aqui o vício é uma cansada vitimização (cansaço, cansaço, cansaço), que corrói mais que aquele produto barato que usa para desentupir canos. Uma vez olhou-o demasiado tempo, duas vezes pensou em bebê-lo, mas não. “Mereço um fim mais trágico.”


(continua, espero que num período bem, bem mais curto do que aquele que se passou entre esta e a última publicação.)